Muitos bebês apresentam graus de agressividade ao
longo do seu desenvolvimento e é comum perceber
essas novas emoções de raiva e irritabilidade quando a criança começa a
entender o mundo ao seu redor. Manhas, birras, gritos e choros, e não importa a
motivação é sempre ruim aprender a lidar com isso.
Especialistas
no assunto, as psicólogas do Grupo Terapêutico Núcleo Corujas, Luciana Romano e
Raquel Benazzi, dão algumas dicas para os pais que se encontram nessa situação.
Confira a entrevista exclusiva:
Por que os bebês agem com
brutalidade com 1 ano de idade (bater, morder, arranhar)?
R: Brutalidade, nesta idade, faz parte da
interpretação do adulto nos atos da criança. Os bebês de 1 ano ainda não tem o
superego desenvolvido, que é nossa área cerebral de repreensão do que é errado
moralmente, que nos faz agir dentro da norma social e cultural. Estão em fase
de aprendizado e podemos dizer que eles são totalmente ligados às emoções, não
conseguem ainda controlar ou conter as pulsões, frustrações e os sentimentos.
Cabe apontar que dependendo da intensidade e frequência de determinado ato, é
interessante buscar a ajuda de um psicólogo para compreender o que desperta tais
reações e, nesta fase, o trabalho é sempre voltado para compreensão da dinâmica
familiar, pois o bebê reflete problemas e dificuldades da família.
O sentimento de raiva para
os bebês é igual ao dos adultos?
R: A emoção raiva é a mesma, porém os significados,
as vivências e expressões associadas a esta experiência é sempre particular. Nesta
idade a criança é concreta e tende a expor os sentimentos sem muito filtro,
além de, captar emoções do núcleo familiar, elas denunciam alguma dificuldade
da mãe, pai ou da dinâmica. Os adultos precisam encontrar formas saudáveis de
lidar com a raiva e não negligenciá-la ou ocultá-la.
A escola/creche influência
esse comportamento de alguma forma?
R: A escola está presente em grande parte no dia da
criança, portanto influencia em muitos comportamentos. Lá elas entraram em
contato com outras crianças e adultos de vivências diferentes o que despertará,
inevitavelmente, inúmeras emoções. Há casos onde a agressividade estava relacionada
apenas a reprodução dos gritos e nervosismos dos pais, outro caso a criança mordia
demais os coleguinhas da escola e compreendemos, dentro do trabalho
terapêutico, que os pais estavam muito rígidos e preocupados com uma educação
exemplar, não deixavam que comportamentos de erros ou frustração pudessem
aparecer, o que ganhava vasão na agressividade aos amigos. Portanto, o mais
importante é analisar cada situação, criança e família de forma única e
particular!
Como lidar com esse tipo de
comportamento? Existe algum método para aplicar nesses momentos?
R: Quando a criança demonstra sua agressividade, os
pais devem ajudá-la a entender os motivos de tal sentimento e reação, além de
apontar, com carinho, o que é certo e errado. As crianças devem ser
repreendidas através de conversas e repreensão adequadas (e só se for
necessário), e não com mais agressividade, senão elas aprendem que isso é comum
e aceitável.
O que pode acontecer se
caso os pais optarem por dar tapinhas na mão, na boca e falar com brutalidade
com a criança?
R: Conforme falamos, a criança aprende com os
comportamentos dos adultos, então se o pai bater na criança, ela achará que
isso é aceitável e que poderá reproduzir com outras pessoas. A raiva é um
sentimento que sempre vai existir e os pais devem ajudar a criança a
entendê-la, aceitá-la e expressá-la de forma saudável.